Dia do Orgulho Nerd

 

“Porque há o dia dos Pais, dia das Mães, dia do Trabalho, dia da Mulher Trabalhadora, do Orgulho Gay… começaremos uma campanha a nível nacional para que os geeks e nerds – que já são uma legião – sejam levados a sério e parem de nos considerar crianças grandes”. Assim começa o manifesto dos geeks, nerds, assemelhados e simpatizantes, que festejam seu dia hoje, 25 de maio, como noticiado pelo site Examiner.

A comemoração teve início em 2006, na Espanha, aonde é conhecido como “Dia del orgullo friki”. O dia teve origem nesse país graças a notícias que foram veiculadas em meios de comunicação como a internet e a televisão. Em Madri 300 geeks formaram um enorme Pacman humano, gritando “Quem nunca foi geek que levante sua espada laser!”.

Apesar disso, o evento só se espalhou pelo mundo em 2008, quando foi celebrado também nos Estados Unidos, marcando o lançamento do site geekprideday.org, hoje deseativado. Não há notícias de eventos comemorados oficialmente em outras partes do mundo.

Nesse mesmo dia, sendo muito mais do que uma coincidência, também se comemora o lançamento do primeiro filme da série, Star Wars, em 1977, um ícone e uma grande tradição no mundo geek. Douglas Adams, autor de outro “título cabeça”, o famoso Guia do Mochileiro das Galáxias, também recebe homenagens hoje, dia de sua morte, com o Dia da Toalha. No livro, fala-se da importância da toalha para os mochileiros das galáxias, daí o nome, noticiou o site FayerWayer.

Tanto o dia do Orgulho Geek como o Dia da Toalha estão sendo festejados principalmente na internet, nas redes sociais, locais muito freqüentados por essa tribo. No Twitter, usuários modificam a imagem de seu avatar para comemorar a data. No Brasil, sites de notícias e comunidades relacionadas anunciaram a data em seus blogs, mas a comemoração ficou apenas na internet, contando inclusive com um hit do YouTube, a música Escolha já seu Nerd, da banda Os Seminovos.

Algumas pessoas diferenciam os dois termos, dando atributos diferentes para geeks e nerds. Outros usam ambos indiscriminadamente. Uma das definições mais aceitas é a de que os nerds são ligados a qualquer coisa de tecnologia e cybercultura e tem uma vasta gama de conhecimento, enquanto os geeks são mais especializados. Os geeks seriam, portanto, um “subconjunto” dos nerds. Todavia, essas definições encontram críticas ferozes e a maioria das pessoas usa os termos de forma intercambiável.

 

Deveres dos Geeks e Nerds:

1. Ser nerd, de qualquer maneira ou ser Geek
2. Tentar ser mais nerd que qualquer outra pessoa normal.
3. Se escutar qualquer discussão sobre um tema nerd, é preciso opinar.
4. Proteger qualquer material geek ou nerd.
5. Fazer todo o possível para divulgar seu material nerd como se fosse um “Museu Geek”.
6. Não ser nerd em qualquer coisa. Especialize-se em algo (seja geek!).
7. Ir à estréia de qualquer filme nerd, e comprar antes de qualquer coisa um livro ou DVD nerd.
8. Fazer vigília em qualquer lançamento nerd, de preferência vestido com uma camiseta nerd.
9. Nunca se desfazer de nada relacionado ao mundo nerd ou geek.
10. Tentar dominar o mundo!

Antes motivo de chacota para toda a sala de aula, os geeks e nerds de hoje estão literalmente dominando o mundo, alcançando sucesso tanto no mundo virtual quanto no mundo real, ganhando milhões de dólares com suas empresas de tecnologia e alcançando os mais altos cargos em outras empresas. Ser nerd e geek hoje em dia não é mais ser tímido, ter espinhas e se vestir de forma bizarra, é estar por dentro de tudo e ser chamado para qualquer tipo de missão. E, normalmente, ser bem pago. Que o digam Bill Gates, Larry Ellison e Steve jobs.

Mais sobre o assunto pode ser encontrado no primeiro site oficial em espanhol, no endereço orgullofriki.com e no utilizado hoje, no endereço diadelorgullofriki.com. Para divulgar o movimento, existe ainda o site geekadvancement.com.

 

Pedro Lucas Porcellis

Você sabe o que é um Nerd?

 

Você sabe o que é um nerd: aquele cara meio estranho, sem vida social, que adora ciência e tecnologia e tem hobbies obscuros (tipo colecionar gibis japoneses).
Se alguém o chamar de nerd – ou de geek, um subtipo nerd, mais descolado e viciado em brinquedos tecnológicos –, provavelmente não está fazendo um elogio. Ou está? Por incrível que pareça, o nerdismo está na moda. Olhe na TV e no cinema e você perceberá isso.

Até o fim dos anos 90, as séries mais populares eram as comédias urbanas, como Friends e Seinfeld. Em 2007, muitos dos sucessos da programação têm uma queda nerd: seja solucionando crimes com alta tecnologia (os detetives de CSI), reinventando a medicina (o cabeçudo doutor de House), discutindo conceitos da física (as teorias por trás de Lost) ou criando computadores (em Heroes).

Essa overdose científica não acontece à toa. É o resultado de uma tendência: a temática dá boa audiências e as emissoras resolvem investir mais dinheiro nela. Tanto que uma das maiores a postas para a temporada é a série The Big Bang Theory (“A Teoria do Big-Bang”), onde os protagonistas, físicos do Instituto de Tecnologia da Califórnia, tentam conquistar garotas declamando conceitos da Teoria da Relatividade. No horário nobre.

Na 1ª semana de outubro, que marcou a estréia da temporada 2007 nos EUA, 3 programas nerds lideraram a audiência: House, Bionic Woman e CSI. (A conta não inclui as hiperpopulares Lost e Heroes, que continuam de férias.)

CSI
foi tão bem-sucedida que deu origem a duas outras séries – CSI New York e CSI Miami. Juntas, elas são seguidas por mais de 2 bilhões de pessoas, em 200 países. “Agora, ser geek é legal”, anunciou o vice-presidente da rede NBC, que já tinha Heroes e acaba de lançar Chuck, sobre um nerd que recebeu no cérebro o download de informações sigilosas.

Dá para ver o fenômeno na música também. O indie rock é a aposta das gravadoras para ganhar dinheiro e sobreviver ao inferno dos downloads piratas.

O cinema também está na onda. Só para citar um exemplo, o veterano Bruce Willis, último dos heróis de ação, se rendeu em Duro de Matar 4.0 – mesmo com toda a sua força, para vencer os bandidos ele teve de pedir a ajuda, veja só, de um hacker.

É o caso de perguntar o que está acontecendo com o mundo. Como aqueles meninos que babavam na gola, os mais ridicularizados do colégio, foram alçados a heróis dos nossos tempos? “Os nerds são muito mais importantes e necessários atualmente”, explica o jornalista americano Neil Feineman, autor do livro Geek Chic – The Ultimate Guide to Geek Culture (“Guia da Cultura Geek”, sem versão em português).

Quando Bill Gates começou a fazer fortuna, nos anos 80, passar a tarde no computador era motivo de chacota. Hoje, é impossível viver longe de um pc. A sua vida está cada dia mais digital – e esse é um caminho sem volta.

É aí que entram os nerds: são eles que vão nos guiar à terra prometida da revolução tecnológica. Vão consertar o computador de casa, recomendar softwares e ensinar a usar todos os recursos do iPhone. De quebra, vão explicar todos os mistérios de Lost!

Repare na diferença: o novo nerd é um cara legal, cujas habilidades são socialmente desejáveis – um sujeito que mesmo você, que não é nerd (ou é?), gostaria de ter como amigo.

Além de mais importantes, os novos nerds estão cheios da grana. “Hoje, você pode fundar uma empresinha de internet e ficar famoso e milionário, como se fosse um astro do rock”, diz Feineman. Já ouviu falar nos donos do Google? Nos YouTube boys? No fundador do Facebook, 23 anos de espinhas na cara e proprietário de um site que pode valer US$ 5 bilhões? Todos nerds. E ricos.

Nos EUA, o setor de tecnologia paga um salário mensal médio de US$ 9.200. Entre todos os setores da economia, só o mercado financeiro remunera melhor. Isso sem falar nas grandes empresas do ramo, que cobrem de mimos seu exército geek: o Google é considerado o melhor lugar do mundo para trabalhar.

Com tanta popularidade – agora todo mundo quer ser nerd! – era natural que o mercado cultural refletisse as mudanças. A indústria dos games, passatempo preferido desse pessoal, já supera Hollywood: fatura US$ 13,5 bilhões anuais, contra US$ 9,5 bilhões dos estúdios de cinema. Até o perfil do jogador mudou: neste ano, pela primeira vez uma pesquisa mostrou as mulheres como maioria entre os gamers. Tudo graças aos jogos online e ao console Wii, da Nintendo, que inaugurou uma nova maneira de jogar, simples e acessível.

É apenas mais uma prova de que a tecnologia saiu do gueto dos garotos com espinhas. Ouça um grupo de meninas e você perceberá que elas falam sobre internet, não vivem sem iPod, sem blog, sem perfil no orkut.

As pessoas comuns estão ficando mais nerds – e os nerds estão ficando mais normais. Isso não quer dizer, claro, que eles sejam totalmente normais. Alguns ainda estão longe disso. Imagine que, ao ver a namorada triste, o rapaz queira dizer algo para acalmá-la. “A vida é cheia de paradoxos. Como a luz, por exemplo. Ela é uma onda, mas aí veio Einstein e mostrou que ela também se comporta como partículas.” Ainda existem coisas que só meganerds, como o físico Leonard, protagonista de The Big Bang Theory, é capaz de fazer.
 

Nerdômetro

Equipe Geeks